Recanto

Pela janela

Arremesso as sobras amanteigadas,

Aos passarinhos,

(Que, não dizem nada.)

Preocupam-se em cantar

E construir seus ninhos

sem pensar...

Para criar ovos vazios, sem conteúdo,

Onde os galhos das laranjeiras,

Empurram as fileiras dos muros,

Penetrando em suas peles de musgo,

Pelas rachaduras,

Explodindo em suas separações

e impedimentos.

Tentando liberar o coração sem luz

e a alma sobrepujada,

Marcada pela agonia de ser estático.

Na toalha de mesa

Há um mapa onde mergulho o meu olhar

No mar adriático...

Mar de mistérios

Que talvez, sonhe em ser condescendente,

E refaça o caminho até a nascente,

Para a estrada que separe os que pouco tem a dizer,

Daqueles que não dizem nada...

https://www.youtube.com/watch?v=OY8vYjbJ_CI

Em uma vila bem distante vivia um velho muito pobre. Ele possuía um cavalo branco que era belíssimo e de muito valor. Todos tinham muita inveja dele. Os reis e os nobres tinham ambição pelo cavalo e o desejavam. Faziam propostas ao velho que incluíam valores bem altos. O velho argumentava que o cavalo era como uma pessoa para ele e não um simples cavalo. Assim, ele não poderia vender o animal. Como poderia vender um amigo! Embora fosse pobre e muito necessitado, sempre rejeitava aquelas propostas.

Certo dia o cavalo sumiu. Os vizinhos vieram e comentaram: "Velho tolo! Você não vendeu o cavalo embora precisasse muito do dinheiro. Agora o cavalo foi roubado. Isso foi uma coisa muito ruim. Um verdadeiro azar e uma maldição".

O velho disse: "Calma! Apenas o cavalo não está aqui. Essa é a única realidade. Qualquer observação a mais é puro julgamento. Isso é apenas um fragmento de uma história. Não sabemos o que vem depois. Se é ruim ou bom, se é azar ou sorte, não podemos dizer nada à respeito. Não julguem."

Os vizinhos responderam indignados: "Nós não somos bobos! Não venha com filosofias desnecessárias. O simples fato de que você perdeu o seu valioso cavalo é indicação de coisa ruim, de azar".

As pessoas riram do velho considerando que ele tinha ficado louco.

Duas semanas depois o cavalo reapareceu. Ele não tinha sido roubado. Apenas tinha fugido para os campos. No seu retorno vieram com ele uma dúzia de cavalos selvagens, todos muito bonitos e valiosos.

Os vizinhos, vendo aquilo, disseram ao velho: "Desculpe-nos, você estava certo, foi uma benção e não um azar".

Mais uma vez o velho comentou: "Calma! O cavalo apenas voltou e doze outros cavalos vieram com ele. Não juguem se é bom ou mal, se é sorte ou azar. A menos que vocês tenham conhecimento de toda a história, não podem julgar. O que aconteceu é apenas um fragmento."

Embora achando que o velho estivesse errado, desta vez os vizinhos ficaram quietos".

O velho tinha um filho único que era bem jovem. Ele começou a adestrar os cavalos selvagens, mas logo aconteceu um acidente. Ele caiu de um dos cavalos e quebrou as duas pernas. Os vizinhos se reuniram e foram até o velho dizendo: "Você estava certo novamente. Não era sorte e sim maldição. Agora o seu filho, que o ajuda muito, está temporariamente inválido e pode até ficar aleijado".

Mais uma vez o velho disse: "Voces não conseguem evitar o julgamento. Meu filho apenas quebrou as pernas. Ninguém pode dizer se isso é bom ou ruim. É apenas um fragmento da história. Só se pode julgar quando a história chega ao fim".

Pouco tempo depois, aquele país foi atacado pelo país vizinho. Todos os jovens daquela aldeia foram levados à força e forçados a lutar na guerra. Como o país agressor era muito superior, a guerra era perdida e os jovem não regressariam com vida. Todos na aldeia gritavam e choravam em desespero. Foram até o velho e disseram: "Você estava certo! Seu filho pode até ficar aleijado mas está aqui. Não foi levado. Nossos filhos foram para sempre. Com certeza não retornarão".

O velho, pacientemente disse: "É difícil lidar com vocês. Sempre julgando. Ninguém pode saber o que é bom ou mal, se é uma benção ou um azar. Digam apenas que seus filhos foram obrigados a ir para a guerra e o meu não. Ninguém é capaz de dizer nada. Ninguém sabe. Só Deus sabe".

História Sufi