O ESPETÁCULO DA TERRA

 

A rocha é ferida pelas águas do mar,

Embriaga de nostalgia o sol daquela

Tarde.

Que até as ondas lhe dão as boas vindas.

As gaivotas copiam o soprar dos ventos,

E os peixes saúdam o firmamento,

E as estrelas correspondem com seus brilhos.

 

As ilhas perdem-se de vista e

Os montes como tapetes verdejantes,

Cinge o céu com as cores do arco-íris,

Que honra a natureza divina.

É o momento que a brisa passa a

Refrescar a terra ao som das ondas

Pequenas exaltando aquela aquarela.

 

É a despedida da tarde mórbida,

É a alegria dos peixes voadores,

É a cantoria das baleias dançantes,

É presa fácil dos pescadores ambulantes.

É o golfinho que briga com a enguia,

É a conversa da estrela-do-mar com

O cavalo marinho.

 

No fundo do oceano esbraseada fúria,

Revolvem-se as águas turbulentas violentamente,

Devolvendo os destroços à superfície.

E a cortina daquele tapete azul turvado,

Mistura-se com a negridão ao fundo

Tenebroso dos dias maus contados,

Despertam círculos de tubarões esfomeados.

 

É buscar conhecer o desconhecido,

Mistérios das profundezas, dos perigos,

Dos olhares apreensivos inimagináveis,

Dos vários tipos de criaturas e seres,

Ouriço do mar de corpo inteiro.

Buraco de abismo sem luz ao fundo,

Despenhadeiros.

 

Turbilhões de algas marinhas e corais,

Pequenas molduras artesanais,

Fantasiam os navios encalhados nas profundezas.

Deixaram os lixos das realezas,

De civilizações de milhões de anos atrás:

Moedas de pratas, ouros e cobres,

Capitães, piratas e nobres.

 

Caminho das águas tingidas de sangue,

Correntes, nudez, escravos errantes,

Humanidade desumana escara na cara

Inocente,

Força, pavor, horror e muita gente,

Morreram na ânsia de tal liberdade,

Na força, na garra, na luta e na coragem.

 

O oceano presenciou o pior espetáculo

Da terra,

Denunciou total atrocidade e covardia,

Escondeu o sol em plena luz do dia.

Guiou os navegantes a caminhos inexploráveis,

Tragou tripulações inteiras para o fundo dos mares,

Como se submerge uma grande cidade.

 

Paraísos escondidos por detrás,

Das montanhas e rochas,

Inimigos entocados nos esconderijos de

Suas ocas,

Flechas envenenadas nos corações dos

Estrangeiros,

Cantos para guerra ensaiam os índios

Da Tribo dos Pés Ligeiros.

 

A nossa Terra geme de dor e tristeza,

Roubam a dignidade e a nobreza,

Como dor de parto enchem-se a

Coroa da nossa riqueza.

O povo ainda vive na miséria e pobreza,

Enquanto os governantes fartam-se do pão

Sobre a mesa alheia.


A dignidade distancia-se do caráter

De cara limpa,

E a consciência não faz nenhuma

Questão do valor corrompido.

O próprio ego acusa o culpado,

Enriqueceram com o dinheiro ilícito aplicado,

Do nosso país mal governado.

 

Celso Custódio
Enviado por Celso Custódio em 24/09/2019
Reeditado em 30/12/2021
Código do texto: T6752688
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