MÃE RAIMUNDA ALGODÃO

João Poleiro aqui chegou.
Não se sabe como saiu.
Sóter, o tropeiro aqui passou,
Com Eugênia, por amor se uniu.

O povo foi chegando e o povoado avançou.
Quem comandava a economia?
Pedro torrão queimava a lenha no engenho.
Raimundinho Locoloco era quem dirigia.

Defender a natureza era função da dona Chica do Acrísio
Ela expulsava os forasteiros que aqui apareciam,
Lá para as olarias e os bodes ela defendia,
Ninguém ousava devastar nada, pois ela reclamava.
Isso era sua missão todo dia.


Na igreja de São João Batista
Um homem se destacou
Era avexado demais
Bem cedo, dia de procissão ou terço a Maria
Luís Avexado bem forte tocava o sino
Que moça já mexida, o proibia tocar.
Ele tocava três vezes, se ninguém chegasse, logo desistia de esperar.

Aqui. Terra de gente festeira
Todo festa junina era pura alegria.
Eupídio sanfoneiro,
Dadá da Mazé Baiana no pandeiro
Brincantes no arraial.
As boas tocadas curtiam.

Mas uma senhora tão disposta
A mente um dia perdeu,
Ela andava de casa em casa
Pedindo trabalho para manter um vício seu.
Era a Ricardina, a comadrinha, que enlouqueceu.

Festas , corrida de jumento, pau de sebo,
A morte do pato, corrida de menino no saco Severo Mambira que organizava
Movimentava a rua grande por onde o bumba-meu-boi de Narciso e Chico Piciano passava.
A rua enfeitada de bandeira e pati, era Concita que organizava.

Um casal muito ilustre
Que na rua grande morava
A filha da velha Mansa
Pras mulheres darem a luz ela ajudava
Dona Nezinha, a parteira reservada
Seu Dezinho os rádios a pilha era quem ajeitava

Você lembra dos canaviais
Do engenho e dos alambiqueis ?
Antonio estilador e Valmir
O ponto da cachaça, eles aprovavam.

Se desse aquela vontade de comer um pão
Ia lá na padaria do seu Antonio Raimundo Bezerra.
Ia lá no engenho trazia garapa
Menino ou mulher era só levar a caçarola
Em casa coava num pano, botava no caneco
E saboreava.



As dornas que dormiam
Na lagoa do Raimundo Borges
Eram que sustentavam
Deliciosa iguaria desta terra
Que João Rodrigues em lombos de burros transportava

Sóter tinha seu batalhão
Armando, o delegado,
Zé Rumão, era soldado.
Zequinha da Jacinta estava no aprendizado.

Seu Toinho da Lídia
Diouro, garoto trabalhador
Capinava o terreiro
E a tarde Toinho, a estrada aguava
Pra espantar a poeira
Que o ônibus do Zé Rodrigues espalhava
Sujava a loja do Carlito
Que de tudo tinha
E o coco babaçu ele comprava.

Seu Zezinho Calango, pai da Canindé, Teresinha e Inté
De brincadeira de boi muito gostava
No dia da morte do boi
Até Nicé a irmã da Dos Anjos brincava.
Começava lá de cima
e perto da meia lua acabava.

Um homem de fé dele me recordo
Seu Pedro Régis. Nas quartas feira de cinza nos benzia
Pedro, Bolo, Pedro Foboca entravam na fila
E toda comunidade seguia
Era tempo de penitencia festa, não tinha .
Só sábado da aleluia que Antonio Doca desatava os nós do cordão.
E seu Aderson, a festa organizava.

Seu Duroteu lá da rua do Deserto
E Maria Amaro também
São personagens inesquecíveis
Pelo respeito que tem
O Cambirimba na entrada da rua
Movéis sabia fazer muito bem.

O Lanterna confirma tudo.
Menino de recado.
Lembro de Zé Granjeiro, vizinho do seu Pivó
Todo embaralhado
Pelas seis horas da tarde na roda de jogo
Depois de um dia trabalhado
Reúne os amigos para num três sete
Dividir os papos mais humorados.

O Socorro a todos
quando a dor de dente chamava
Vinha de Zé Valério.
Como dentista
Fez gente feia ficar bonita
E Construiu uma linda família
Com sua esposa Maria Valério.

Aqui encerro meu poema
Com uma dor no coração
A lembrança de muita gente que me deixou muita emoção
Se esqueci alguém, me desculpe,
Mas, nem eu e nem vocês nunca devemos esquecer.
Da mãe de toda essa gente. Guarde a no coração.
A nossa querida eterna mãe!
Parteira, mãe Raimunda Algodão.
WALTER BERG
Enviado por WALTER BERG em 28/02/2019
Reeditado em 10/07/2019
Código do texto: T6586017
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