Algo que te encontra

Há em mim algo que te encontra,

No sabor das palavras sem fim;

Empurrando a espuma das ondas revolvendo a areia,

Como se eu lhe dissesse que nada sei.

E tu retornasses, dia após dia,

Para nos perceber nas asas de uma fragata,

Que cruzaria o oceano,

Procurando uma orla em que pudéssemos pousar,

Pulsando na veia do tempo;

Com seu olhar consolidando o riso do vento,

ainda, sem nenhum plano, na textura de um rio,

Que encontra a salmoura do mar...

Ainda que estivesses apenas a ver uma brisa passar,

Para estender seu corpo na areia,

Retido nos milhares de grãos da espera,

A se insinuar na tua busca inquieta

esperando finalmente a noite terminar,

No instante infundo de encontrarmos a metáfora

de um suspiro venal,

Que nos invade como se fosse inspiração;

Porém, disseste-me hoje,

Não temos a aprovação do mundo,...

Fecho os olhos, quando é chegada a primeira estrela,

A primeira a vencer sua estadia

na breve morada da noite;

Com a beleza enluvada do beijo que me acaricia,

Onde me deito nos reflexos da lua a se entristecer.

E a tua lembrança,

Vai recortando nas folhas a luz do amanhecer,

Que insiste em refluir nos arredores uma penumbra,

Tão sua e tão amada como é a esperança;

E, ainda que esteja deitada a dormitar contigo,

Sua temperança tem o brilho e a benção da rebeldia,

Sufragada pela nesga idolatrada de nossos sonhos,

Aconchegados a ti,

minha amada,

no abrigo doce do teu peito que revolve a poesia....

https://www.youtube.com/watch?v=FJOX5tCd1qs

Jamais, em todo o mundo, o ódio acabou com o ódio; o que acaba com o ódio é o amor.

Buda