A menina dos olhos de sertão

Quando vi teus olhos, me perdi em olhares.

Os vi sem querer, quando meu olhar teimou e por encanto se perdeu no teu.

Vi teus olhos que me viam, que teimaram em cruzar com meu olhar.

Vi teus cabelos bagunçados, tua feição cansada, tuas roupas mal passadas... parecia um príncipe a qualquer feiura imune.

Assim nasci.

Pela primeira vez sorri.

Pela primeira vez enxerguei.

Pela primeira vez respirei.

Pela primeira vez vi os olhos do sertão.

Meu sertão que tanto amava e sequer conhecia. Que tanto admirava, sem sequer tocar. Que tanto sonhava sem poder abraçar.

Vi em ti o sertão. E agora o sertão não sai de mim. Talvez esse fosse o meu destino: findar por amor ao sertão. E como ele viverei: enquanto houver céu para cair chuva, enquanto houver terra para molhar, sempre haverá esperança.

Assim nasceu a menina dos olhos de sertão. Ao teu lado, floresce a esperança. Contagia com o verde dos teus olhos minha terra e assim faz-me terra fértil.