A JAULA, O AMOR... O CARCEREIRO!

A JAULA, O AMOR... O CARCEREIRO!

Marlos Guedes, 31.10.2017

Quem ama deixa o voo de liberdade de quem ama voar

E, também, de ter seus próprios voos

Quem corta as asas está mais pra carcereiro,

Ladrão de liberdade, ladrão de oxigênio, ladrão de asas, ladrão de si mesmo! Ladrão de sonhos! Ladrão dos outros!

O carcereiro tem que vigiar a prisioneira e se torna vigia de si mesmo.

Está mais pra quem não sabe de si mesmo, não confia, não se ama, é sombra de trevas, de sua própria escuridão! Escravo de si mesmo!

- Existe sombra nas trevas, além da escuridão das almas?

É ciúme, desconfiança e grades na mente, algemas no corpo de si mesmo e de quem ama.

E o que sufoca é a jaula, asas dilaceradas, tortas...

Coração que não pulsa livre é como passarinho sem asas

Ou canta na gaiola de tristeza

Ou de de dor na ausência da liberdade!

Ah! Como as árvores estão distantes

Ah! Como já não sinto o ar da amplitude dos céus....

Ah! Porque este espaço tão restrito que mal cabe minhas asas, onde meu voo se lilacera?

Ah! Cadê a lua, as estrelas, o sol? Cadê tudo que não vejo!

Ah! Onde estão os gravetos que levo no bico pra fazer meu próprio ninho?

Ah! Porque estes gravetos que me vestem de gaiola! ?

E o passarinho diz:

- Senhor ditador, esta gaiola é prisão de minhas asas, de meu corpo e de minha alma, deixa-me livre e eu venho vez quando, no teu quintal, na tua janela, cantar pra tua ausência de liberdade... quem sabe, aprendes comigo o sentido do voo, o sentido das asas.... o sentido da liberdade!

Nada, o escravocata não ouve, não sabe da liberdade.... sabe de prisões e de gravetos que tecem as gaiolas!

Aprisiona o passarinho do mesmo jeito que aprisiona a sua amada!

E um dia, o passarinho tomba de tristeza sobre o chão da prisão...

E sua alma - que se desprende suavemente de suas plumas - diz ser melhor assim, a morte, não mais o canto.... não mais a dolidão!

É a alma que se desprende pelos gravetos da gaiola... a liberdade que foge em outras asas!

E um dia, a amada já não tem amor pra dar... tomba na escuridão da morte!

E o escravocrata joga o passarinho fora, a amada morta fora!

E procura outra idiota que goste de prisão!

E aprisiona outro passarinho

O carcereiro que prende, em sua jaula, sua própria alma torta

Na prisão de si mesmo!

E , um dia, o carcereiro tomba diante de sua própria alma morta!