A eterna constância
Passo meu tempo, entre
dores e incertezas, falhas
e conquistas, e no ventre
dos meus dias, o que resta
são os tempos em que havia
nós
Todos eles, mesmo os
podres de agonia, as
doces alegrias, sempre
completavam, ora,
nós, que eu me lembre
Vós, que tenente
foste da minha segurança!
e como a guerra contra ti
sem caos iminente te
venceu, pela confiança;
Ora, que confiança, que
não houve? Tu eras tão
agarrada a mim, ó, teus
planos quanto ao fim...
não podes reclamar que
te louve.
Agora, por trás do que ocorre -
da ação cotidiana, da vida -
minhas lembranças não alforre
e, pouco quero eu, dita
o esquecimento da tua vinda
e a dor da tua ida.
Deus não alforre e nem dita o esquecimento da tua vinda nem a dor da tua ida
Nada me tira as imagens
de uns dias; nada me vinga
esta já tão cansada dor; a viga
robusta das tuas raízes, nada
me tira; a vinda infinita
do torpor.
O rasgo eterno, meu Senhor,
em minha alma e no da energia
o calor; essa fissura que situa
meu eu no vital licor, a se derramar
sobre a taça rachada, sob a lua.
Que ilumina quando não há luz
e perceptível se torna, a branca
cruz redonda, cavaleira do pus
que me atêm àquilo que destoa
a mim do irreal.
A única verdade, a saída,
a prisão distorcida, esta que
nos entremeados de Cronos é
estabelecida; essa é a realidade
desses dias.
16/02/2017