Descendo a rua pela esquerda/Estrelas
Descendo a rua pela esquerda,
ela vê
tudo.
É tudo o que ela consegue ver:
as estrelas já não ascendem mais.
Um dia,
há muito tempo atrás,
o mundo não era assim,
não era esse tédio infinito,
o tédio não existia,
o mundo era infinito.
Um lugar,
incontáveis estrelas ao luar.
Não dava nem pra contar,
mas mesmo assim,
contava os segundos
entre o intervalo dos nosso beijos.
O espaço,
está em tudo, sempre.
Não o suporto,
sempre há de nos separar.
Invisível mas reversível,
sempre acho um meio de diminuí-lo.
No mesmo dia,
no mesmo lugar
e nós no mesmo espaço.
Sinto o calor,
as estrelas ao nosso redor,
no céu.
Sinto o calor das estrelas
e até das que não estavam ali.
A sensação de momento,
o vento,
o tempo que parece não acabar,
é infinito.
Lindo.
Nossos corpos colados,
apaixonados,
drogados,
embriagados
de amor
Era tudo o que ela imaginava
ao descer a rua pela esquerda.