Clima Imperial

Façamos de conta

que estamos numa revolução industrial,

carruagens nas ruas

e todo aquele clima imperial.

A corte se reúne,

o inverno russo já vem,

neve nas calçadas,

Deus abençoando alguém.

A tensão a mercê,

a realeza ameaçada,

estamos tão perseguidos,

minha princesa encantada.

Tem um trem

que sai as onze e meia,

na calada da noite,

quando o sono incendeia.

Dizem que vai a Sibéria,

mas vai a Ucrânia,

a viagem não é tão longa,

é o tempo de uma insônia.

Juntei umas vestes reais,

estou levando um pouco de ouro,

o frio quase congela meu sangue,

por isso meu casaco de couro.

Nascidos de sangue azul,

criados na realeza,

apaixonados de alma,

fugitivos não vêem a beleza.

Um senhor fuma um cachimbo,

enquanto a fumaça escorre pela boca,

o frio se intensifica demasiadamente,

a humanidade se perdeu, ficou louca.

Você fica um tanto nervosa,

canto um canção folclórica russa,

você se aquece em meus braços,

beijo tua testa enquanto de frio soluças.

Ande um pouco mais depressa,

não deixe rastros pelo chão,

não podemos ser notados,

submerge o império e emerge a paixão.

Tudo está nas mãos do governo,

o império rege sobre pressão,

tudo é tão escondidamente disfarçado,

e eu aqui só querendo a tua mão.

Espiões estão soltos às ruas,

e nós já estamos perto do trem,

a neve cai em meu ombro cansado,

nesse momento, só uma oração a Deus faz bem.

Que passemos a ser uma lenda,

que o nosso paradeiro não seja descoberto,

mandarei construir um palácio em solo ucraniano,

e dançaremos novamente uma valsa a céu aberto.

Adeus Rússia, adeus revolução,

Deus tenha piedade da crueldade humana,

em segundos sairá o vagão,

em direção a capital ucraniana.

Sente no seu acento,

não ponha a cabeça na janela,

Moscow está em guerra,

a cidade já não é mais bela.

Esconda sua face dos russos,

não permita que sejamos vistos,

estamos tão perto do paraíso,

te olhar é tudo que quero e nada mais do que isto.

Tenha fé, veremos novamente a primavera,

a viagem acaba no final da madrugada meu amor,

cruzaremos a fronteira em segredo

e sentiremos mais uma vez do verão, o calor.

Não há nada tão romântico quanto fugir a dois,

enfrentando o frio e todos os opositores,

por ti supero o inverno russo

e atravesso mil corredores.

Dois cavalos esperam por nós,

mil empregados já contratei,

um palácio será feito rapidamente,

tenha certeza, tudo isso eu cumprirei.

No café da manhã terá panquecas,

cereais cozidos, no almoço peixe e salsa

e todas as noites, o céu estrelado,

contemplará a realeza amando em valsa.

Todas as noites terão a nossa dança,

não precisaremos mais de carapuça,

todos prestigiarão a dança real

e te darei um beijo durante a valsa russa.

Ricardo Letchenbohmer
Enviado por Ricardo Letchenbohmer em 26/04/2017
Reeditado em 26/04/2017
Código do texto: T5981969
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