Catarse

Se me tomam o cérebro os versos, é sinal de que me toma o coração o amor?

Mas não compreendo ser capaz de germinar tal sentimento em terra infecunda.

Se me deixam os olhos abertos à noite os pensamentos, estaria correndo em meu sangue a paixão?

Mas nunca ouvi falar de tal sentimento em terreno ácido outrora abandonado pelo bom senso.

Talvez haja esperanças para uma vida que se esvai em esquecimento?

Quisera a alma não abandonar-se mais?

Não creio que me inunde a verdade, pois ela jamais foi conhecida.

Não há temperança em meio ao caos, tampouco liberdade em meio às correntes do egoísmo.

De mim purgam apenas a aceitação de um mundo em putrefação.

Da minha boca saem apenas os malfeitos da emoção.

E essa breve loucura da morte da razão

Não passa de fraude, engano ou traição.

Viria tu ao meu socorro impugnar minhas convicções?

Ou seria tu o meu algoz?

Tu não podes saber!

Afinal, de meu túmulo não mais emana a vida!

Branca Bey
Enviado por Branca Bey em 17/04/2017
Código do texto: T5973252
Classificação de conteúdo: seguro