CAUTÉRIO E A GRATIDÃO DE AMOR

I

Nesta noite solitária

Eu sinto o vento entrar pela janela

Esta meia estação é sempre tão triste

E a infelicidade se repete

Quanto o céu, desta noite, sem estrelas

Sem aquela velha chama de emoção

São como restos secretos

Que, protegido e selado a sete chaves

Choram a muda saudade

De um amor que por ser indecente

Condenou os amantes que eram inocentes

Ao exílio, depois a morte mas jamais ao esquecimento

Eu ouço os acordes da velha canção...

Se eu pudesse me lembrar...

Que aquele seria o último olhar

Se eu pudesse me lembrar...

Que aquela seria a última palavra

Era despedida disfarçada de promessas

De outros e muitos felizes dias

Se eu pudesse ter uma tela em minha mente

Que me mostrasse o último momento

Em que jamais soubéssemos que

O espaço e o tempo decidissem destinos

Nos levassem, em sacrifício de amor e martírio

A lamentar este momento

Que se repete em cores pálidas, insÍpidas e amenas

A temperatura morna e serena

Que relembra a promessa do que não fomos

O que era raio de sol

Hoje é eterna noite de contemplação

De tristeza e de amor

Feito galho retorcido sem vida, sem folhas e frutos

Mas que ali insiste em manter-se bravio e firme

Para ferir e para mostrar

Que foi, que é e sempre será

Amor

Simoni Dimilatrov

Santos, 09 de abril de 2017

Imagem: Brünnhilde e Grani se sacrificando nas chamas do funeral de Siegfried no final do Ato III de Götterdämmerung.

Simoni Dimilatrov
Enviado por Simoni Dimilatrov em 09/04/2017
Código do texto: T5966227
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