Barulho De Chuva
Barulho de chuva,
cheiro de terra molhada,
o beijo de uva
e a alma apaixonada.
Vento frio,
a noite a tocar,
o céu em tom sombrio,
e o corpo a se arrepiar.
A cama latente,
quando o amor acontece,
nada mais se faz aparente,
só em fusão que a alma adormece.
Janela aberta,
para que os pingos de chuva possam respingar,
uma perna descoberta,
quatro pernas a se encaixar.
Do lado de fora,
uma cascata parece cair na garagem,
aqui dentro, agora,
o corpo em ação recebe massagem.
Um corpo massageia o outro,
essa é a verdadeira magia de Deus,
o amor é bem mais que saborear o biscoito,
é garantir que a validade do biscoito nunca venceu.
O suor também parece a chuva,
escorre sem que ninguém possa controlar,
tão quente, mesmo sem agasalho e luva,
não há frio que esfrie a arte de amar.
A mente se faz vazia neste momento,
a chuva cai lá fora ferozmente,
o corpo e a alma se amam sem discernimento,
só ama quem ama veementemente.
O ciúme se molha na chuva,
a briga também se ver molhada,
dentro do quarto só entra o calor da juba,
e duas almas apaixonadas.
E por mais que uma poesia tenha um fim,
sempre haverá a vontade de falar de amor,
duas almas, feito a manteiga e o aipim,
a poesia acaba aqui, mas o amor nunca acabou.