SEMENTES DE CAPIM.
Caminhos de rastros marcados
Tortuosos coalhados
De sementes de capim.
Pés descalços
Enxada nas costas
Chapéu de palha,
Nas folhas do tempo amarelado.
Embornal de algodão teado,
Surrado
Com a matula hora outra
Um taco de rapadura
Um bolo de fubá.
Com imagens da lida
A noite destelha
Perde em lentidão
A visão das estrelas
No caminhar sem o ciúme presa segue.
Os pés, descalço desentrelaça
O trançado dos capins.
A calça das pernas toda molhada
Rumo à roça vai
E caraminhola os contos
Para quando voltar pra casa.
Sentar à beira do fogão de lenha
Contá-los para passar parte da noite.
O mato viçoso quer cobrir
O que foi plantado.
O sol consulta à noite.
Quer saber se ela já vai se despedir
Para ele acordar a relva
Que molhou as flores
E as sementes de capim.
Zé de Brito