SEMENTES DE CAPIM.

Caminhos de rastros marcados

Tortuosos coalhados

De sementes de capim.

Pés descalços

Enxada nas costas

Chapéu de palha,

Nas folhas do tempo amarelado.

Embornal de algodão teado,

Surrado

Com a matula hora outra

Um taco de rapadura

Um bolo de fubá.

Com imagens da lida

A noite destelha

Perde em lentidão

A visão das estrelas

No caminhar sem o ciúme presa segue.

Os pés, descalço desentrelaça

O trançado dos capins.

A calça das pernas toda molhada

Rumo à roça vai

E caraminhola os contos

Para quando voltar pra casa.

Sentar à beira do fogão de lenha

Contá-los para passar parte da noite.

O mato viçoso quer cobrir

O que foi plantado.

O sol consulta à noite.

Quer saber se ela já vai se despedir

Para ele acordar a relva

Que molhou as flores

E as sementes de capim.

Zé de Brito

Zé de Brito
Enviado por Zé de Brito em 01/02/2017
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