SOLEIRA DE MÁRMORE

Abri a janela

Esperava a mesmice

Que a muito retrata

Num quadro sem paisagens

Meus dias

Enclausurei o amor

Num abismo sem a beleza das cores do arco-íris

E solidão com sua astúcia

Se faz senhora dona de mim

Janela aberta

Meus olhos brilharam ao ver que na soleira da janela

Florescia uma rosa

Esplendorosa irradiava perfume, beleza e brilho

A princípio escondi o olhar e simulei ignorá-la

Nas como ignorá-la

Se ali durante aquela noite

Ou talvez durante o ano

Ninguém pôs o olhar.

Aquela janela estava cercada

Por altos muros

E mesmo contra todos os fatos

Alguém em meio às sombras

Furtivamente estivera ali

Mas como fez para que numa

Soleira de mármore

Nascesse uma roseira

E florescesse uma rosa?

José de Brito