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Ele assim como eu imagina-se sendo observado por milhares

Ele assim como eu instiga-se pelo desejo de ser reconhecido

Ele assim como eu vive em um lar pressionado pelos olhares de seus pais

E ele assim como eu se apoixonou pela garota libertária

Ele assim como eu se tornou um tolo aos pés daquela frágil alma independente e carente

Ele assim como eu via que ela não precisa de nada, de lar, de alguém, muito menos de algo para se sentir bem

Ele assim como eu é um sonhador pequeno trancado em um globo de cristal, como aqueles de natal

Ele assim como eu apenas observava tudo e todos em suas anotações

E fugia do mundo e as pequenas aflições

Ele assim como eu se sentia aflito pelas emoções do mundo

Ele assim como eu odiava todos

E tão pouco

Ele assim como eu se viu bem nos braços dela

Ele assim como eu jamais percebeu o que lhe passava em sua cabeça

Apenas as frases de Julio Verne em terra

Ele diferente de mim escreve seu diário

Eu diferente dele escrevo minha pobres canções, meus sensíveis versos e tenho comigo meu diário de poemas ruins

Ele e eu vivíamos nos escondendo das coisas e fugindo dos problemas

Ele também assim como eu que se apaixonou pela garota de cabelos negros e olhar penetrante que fixa na mente de qualquer tolo, se tornou estúpido

E ele assim como eu sabe que é um olhar doce, sádico, sensível, perturbador, delicado, arrogante, lindo, irritante, breve e calmo e mais que isso é o olhar que nos faz peceber, eu e ele, que ela é a única que pode e que irá e que o fez, ela quem mostrou o mundo de uma outra forma, a forma que eu expresso em notas e ele em seu papel e lápis que carrega nas costas.

Matheus Augusto Buarque
Enviado por Matheus Augusto Buarque em 12/11/2016
Reeditado em 26/10/2017
Código do texto: T5821055
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