Amor verdadeiro, só uma vez

Hoje a morte me chamou para dançar,

Chegou tímida, me olhando de soslaio,

Veio no cheiro da minha tristeza,

Ou no som das minhas lágrimas,

E aos poucos procurou o meu olhar com morbideza,

Mas não pude de frente lhe encarar,

Pois afinal na dança com a morte não existe sorte,

E minha hora ainda não quero,

Apesar do pensamento de encontrar você

É algo que realmente é sincero.

Ah, que falta que você vai me fazer,

Na companhia de quem, eu vou ver o sol se pôr,

Ou ver a lua surgir irradiando o anoitecer,

Um buraco que se abriu, buraco devastador,

Que não me engole, mas cresce a cada dia e se torna assolador,

Não fique com pena, nem se compadeça,

Porque a Tristeza pode ser má companheira,

Mas sua companhia trás a robusteça,

E a lembrança de ti é minha hospedeira,

Me alimenta, me move, me vanguardeira,

E a morte pode me tentar, pode vir me seduzir,

Por que aos seus encantos eu vou resistir,

Mesmo que me venha disfarçada, transvestida,

Venha de batom, véu, perfume e pervertida,

Não lhe darei espaço e farei com que saia do meu encalço

Pois sou teu e jamais serei de outrem,

Meu coração poderá até voltar a gostar de alguém,

Mas amar, pura e simples não haverá ninguém,

Porque amor assim, é uma vez que acontece,

E quem nunca amou assim, viveu em vão e perece.

Poeta de Quimeras
Enviado por Poeta de Quimeras em 19/09/2016
Código do texto: T5765289
Classificação de conteúdo: seguro