O Jardim das Memórias

Água escorre-me pela pele fria

Os pensamentos vagueiam ao seu encontro

Eu me arrumo observando-me por sobre a pia

E enfim me encontro pronto

Tomo o mesmo caminho de sempre

O chão treme e vultos me cercam em danças

Sinto calafrios em meu ventre

Mas o chão não treme; minhas pernas estão bambas

Siga idiota, pra frente, pra frente...

E lá ela se encontra

Bela e brilhante

Sob suas longas e louras tranças.

Mas essas são memórias de um amor da juventude

Que vieram-me à mente pelos delírios da nostalgia

Mas o que são memórias, senão plantas?

Cultivamos as mais belas, e praguejamos as ervas daninhas.

Porém, de vez em quando, cheiramos as floridas

E pelo olfato aguçado nos transportamos

Para as primaveras de nossas vidas...