DEIXA

Deixa que a minha alma combalida/

e salpicada de estrelas cadentes /

no auge da bancarrota moral/

bata na porta dourada do seu amor/

quando a tempestade chegar//

Deixa que o terno rasgado/

esparrame da prata das águas/

riquezas que os ares não guardam//

como os sonhos que guardei para usar /

só quando a vida for um navio pirata/

deixando no porto das saudades irrecuperáveis/

aquelas dívidas anotadas no armazém dos arrependimentos /

que nunca permitimos em momento algum/

mas que os idiotas da religião e do julgamento alheio/

teimam em acreditar que cultivamos //

Deixa por fim que eu seja mais que amante/

um tirano delirante/

sem você acampa sozinho sem manhã//

porque se me deixa o grito o que destina/

a estrada antecede a esquina/

de surpresa anima/

o vulto de mim chegado mais cedo a você//

no pulso invés de relógio uma estrela do mar