Reencontro

Quando pelo caminho me permitir

Ser levada

Descalça e de mãos dadas

Com a guia querida e amada

Senti a verde grama

Que pelo entardecer

De luz era banhada

Ao longe avistei

Outra amiga que descobriria

Ser uma companheira de estrada

Que ao longe para mim ria

Me distraia enquanto ela para mim acenava

O que julguei mal ser uma distração

Depois percebi ser carinho, proteção

Para a jornada que ali fora iniciada

Por um outro nome fui chamada

E ainda muito pouco sabia

E no rosto da querida guia

Muitos rostos de vários homens via

Mas nenhum ficava

Nenhum servia

E a minha necessidade de estar ali

Não supria

Será que era chegada a hora que tanto temia?

Antes de com clareza o ver

O senti

E então em meu medo me recolhi

Em meus joelhos dobrando

Em dor urrando e chorando

Em desespero caí

Senti de meu corpo minhas forças

Se esvair

Foi então que firmes braços me

Acolhendo senti

Então percebi que todo passo que dei

Que caminhos que ainda cega trilhei

Me levaram até ali

Então em seu peito vestido em linho

Me acomodei

E chorei... Aaa! Como eu chorei!!

E todo desespero para fora coloquei

Mas seus olhos sua face

Não queria ver

Será que eu poderia todo aquele

Tormento reviver?

Então escutei de seus lábios

“Mon cherry”

Como a muito não era chamada

E uma certa alegria senti

Mas o temor ainda era maior

E queria se possível fosse

Fugir dali

Mas a esse pensamento de fraqueza

Bravamente resisti

Foi então que suas mãos esguias e finas

Sobre meus olhos senti

E seu terno pedido

Mesmo relutante atendi

Me permiti vê-lo

Mesmo que ainda não fosse por inteiro

E cada palavra sua

Avidamente absorvi

E o reencontro enfim se fez

Com sua boca que de mim ria

Não sei de minha irritação, ousadia

Ou seria de minha teimosia?

Mas vi que era um sorriso diferente

Ele não mais ria em deboche a

Minha agonia

Com essa mesma boca muitas

Palavras e expressões

De reconhecimento e carinho

Eram ditas

E eu ainda perdida

A cada uma absorvia

Reconhecia

E mesmo muito não entendendo

Meu coração cansado sentia

E em meu peito pulava, tremia

Exultava de alegria

Enfim era chegado o grande dia!

Dia de liberar o perdão

Perdão esse que não sentia

Que lhe devia

Enfim chegava o dia

De ele retribuir meus carinhos e meu amor

Que já há muito por ele sentia

Então com a confiança

Sendo aos poucos reestabelecida

Assumi que já há muito não sabia

O que era a arte dele ou a minha

Pois em minha vida nunca

Almejei ser mártir

Sentia apenas que o dom de escrever

A mim não pertencia

De mim não fazia parte

E mesmo agora que ele

A minha arte encorajasse

Deveria para ele meus receios assumir

Então em suspiro de coragem disse:

“ Não sei onde tú terminas

E eu começo. ”

Assumi sem almejar

De minha covardia me eximir

Então ele em resposta me disse:

“ Bem-vinda a minha vida! ”

De maneira que me senti

Compreendida e querida

Pois vi e reconheci que essa angustia

Não era somente minha

Enfim erámos iguais

E subjugada dali em diante

Não seria mais

Depois disso, de alguma forma

Senti minha alma aflita

Sendo absorvida

Poderia enfim seguir em paz

Nessa vida

E sentindo que essa mesma paz para ele viria

Se sentisse por mim perdoado

Mesmo sem nunca o ter culpado

Fiz para ele meu perdão ser liberado

E com palavras repletas de carinho então lhe disse:

“ Sinta-se perdoado! ”

E quando ele por fim

Pelo perdão se sentiu por mim agraciado

Nosso encontro tão esperado

Por luz verde e azul foi abençoado

E na minha despedida do jardim

De cada homem que ali vi

Naquele banco sentado

Uma rosa recebi

Em um ramalhete por ele bem montado

E ele as rosas me trouxe

De muito bom grado

Sendo a dele, que de sua a lapela

A pouco havia retirado,

A mais bonita, a mais colorida

Em branco, amarelo e vermelho

O botão semi se abria

E naquele momento pude ver

Que essas cores que nessa rosa havia

Eram as mesmas que faltavam

Para de algum modo colorir minha vida

E hoje sinto que essa flor

Da qual ainda não sei

Seu real significado

Carregarei comigo por todas as vidas

E estará esse quase botão

Para sempre em meu peito guardado