Ousado vento
 

Como ousas, ó atrevido vento,
tocar assim da minha amada
o rosto, sem assentimento,
sem cerimônia, nem mais nada?
 
Não vês que é doce a minha amada
e triste o verde dos seus olhos?
Mas é tão linda, e como fada
me afasta logo dos abrolhos.
 
Ousado vento, os seus cabelos
poupa; não lhe crispes as mãos.
Escuta atento os meus apelos
e forra com folhas o chão.
 
Ali me deitarei com ela
na noite clara, enluarada

de inveja da beleza dela.
Pois é tão bela a minha amada.


_______
 

N. do A. – Na ilustração, Desire de Pino Daeni (Itália, 1939 - EUA, 2010).

João Carlos Hey
Enviado por João Carlos Hey em 16/02/2016
Reeditado em 30/03/2023
Código do texto: T5545880
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.