ESQUECENDO

Em meio a verde relva rasteira

eternos fios brotavam acobreados,

da ferrugem da terra coroados,

enfeitados com gavinhas de videira.

Miosótis em lindos buquês turquesa

sopravam sua esperança aos ventos

entoando numa canção seu intento:

Não-me-esqueças, não-me-esqueças!

A lânguida campina no sopé da montanha

tinha primaveris ares de paraíso perdido,

qual redoma invisível pelo infinito erguido

na busca da paz que a vida abocanha.

Refúgio que acolhe o espírito em retiro,

agoniado de saudade do que não viveu,

quer sepultar o corpo que de desejo tremeu

no esperado abraço que lhe negou o destino.

Quero lá enterrar essa vontade de torna-lo meu!

E que lá também fique a impaciente espera

que me ronda dominante qual rastro de fera

triunfante na certeza que o abate se deu!

Quero lá despejar o amor em funda cova,

que há de se transmutar em fios de luz,

brotando da terra como miosótis azuis,

num constante florescer que tudo renova.