Roleta-Russa

Não é lamentável que minhas maiores noções de tempo

Sejam do quanto já o perdi e de quanto ainda o tenho?

É minha essa fome!

E eu não brinco de roleta-russa pra sair ilesa.

Me dê agora

Tudo aquilo que se deixa pra mais tarde.

Estou cagando para as regras de um amor bem sucedido.

Eu quero beber a tua vontade de mim,

Ouvir-te engasgar com a minha sede.

O que me transborda é a falta da presença de um presente,

O que me consome é

O que calo covardemente.

Arranha-me com veemência

O tempo que se dá para todas as coisas.

Te quero como a cocaína que me entra

Fervente, de socos macios irreais;

Beijando meus quereres molestados.

Te quero ainda que feito de delírios ilegais.

Mudo, surdo, sujo...

Te quero desgraçado de vida,

Com sonhos tortos e rugas sujas de poeira.

Imprestável de colo

E viciado demais para fazer amor...

Mas eu te quero agora.