Os Leões da Savana Olimpo

No limiar, onde acabam ruas
Começa o mar das imagens suas
Depois dos postes e dos muros
Há dois dos bosques mais escuros.

O primeiro, repleto de vagas lembranças
Prisioneiro tão certo das intemperanças
Hábito cultivado, querer por querer
Hábil, estar prostrado, eu, junto a você.

O segundo, mais adiante
Mais profundo, agoniante
Você mais viva, efígie forte
Sua saliva, gosto de morte.

Brenha sombria, leões que rugem
Venha macia, monções na nuvem
Pairando em cima, é poma, mamar
Bufando a lima, aroma pomar.

Tomo seu suco com gosto de leite
Bebo do muco, encosto, deleite
Mandíbula aberta, o líquido orgânico
A fíbula aperta, jorrar oceânico.

Seu DNA pra dentro de mim
Delinear do centro ao fim
O fluido que engulo, que sorvo, que trago
Descuido, ejaculo, escorvo, apago.

Floresta, eu deixo. Felídeos, abandono
Sem festa, me queixo. Sem lítio e com sono
Urbano me faço. Alamedas, eu trilho
Insano, escasso, em veredas sem brilho.

Epílogo:

Espanto, não logrei o "desenrosque"
Quando me embrenhei no bosque
Para ter com os Leões-Reis.

A permissão para, somente desta vez,
Poder reger as próprias leis
Pra que nós dois fôssemos três.