O DESPERTAR do ANJO

Há uma mulher cujos olhos rolam pedras em brasa,

há uma mulher cujo céu emaranha-se nos cabelos

como se viver resumisse pedras e via-lácteas,

e se no silêncio tumultuoso da aurora mais que belo

o despertar do anjo e do pirata aponta fatalidades

além do mero presenciar da conspiração no evangelho,

pisamos jardins cercados pelas serpentes da dúvida

ignorando que das flores delirantes venenos

ancestrais do crime esperam a paixão do incauto,

assim, lúcidos no alucinado desejo pela mulher,

lançamos corpo e fé no abismo sem resposta

para que do distúrbio na escuridão sóis

despertos dispam-se das pedras arrastando fêmeas

sobre bandeiras tremuladas de sexo e divindade