Carta da Dama para o Jardineiro (com direito de resposta!)
A Dama:
Senhor, a minha flor precisa ser regada todos os dias
Todo o dia ela padece sem o frescor do líquido tão precioso para ela
Ela se abre, se entreabre, tão bonita, tão singela
E é à tarde quando o sol está se pondo
Que ela se agita, se entristece e quase fenece
Porque é perto da noite que o pequeno pecíolo se aquece
E quando aquece, senhor, ela quer ser mimada, beijada, molhada
Para que no outro dia cante feliz para que todos a vejam linda
E ao aproximar-se o amor, então, ela aberta, possa dar as boas vindas
Ela fica linda e viçosa quando por ti podada e perfumada
Vejo o trabalho que fazes no meu jardim com tanto amor
Mas quando te ausentas por uns dias, ela fica só no desamor
O Jardineiro:
Minha senhora, dona de uma flor tão linda e delicada
Não é totalmente verdade a angustia que dizes deveras sente
Porque ao nascer do sol, no calor do dia, a molho novamente
O farei com certeza quantas vezes ela me pedir
Porque ela é linda, rósea e perfumada
Jamais, nem na minha insensatez, a deixaria desamparada
Ah Senhora, cada vez que dela me aproximo
Chegando devagar, antevendo o amor com que a rego
Todo feliz, então, o seu jardineiro, a ela me entrego
E eu, teu humilde servo, quero então mais uma vez, minha dama
Em êxtase deixar o teu pecíolo e flor e a eles sempre dar
Todo o amor e a água que a tua flor necessitar
Assinado: Sempre teu, Jardineiro!