CHICLETE DAS NUVENS

Quem é o caminhante da meia-noite?

Quem carrega as peles velhas

dos barões e dos magistrados?

No meu carro de mão

cabem mentiras gulosas

e o amor das balconistas

criaturas nunca vistas

acenam das janelas da fome

de onde o mascarado some

vivendo segredos descarados

com as meninas que rondam

bares mal-falados

Apresento no cerimonial

a raiva de quem sabe o caminho

entre o crime e o futebol

48 horas por dia

e uma paixão desresolvida

proibida alegria

o jornal fala de mim em outra vida

Masco o chiclete das nuvens

procurando brevidade na quilometragem

almoço por favor ao inimigo

mas só o mendigo ouve o que digo

quando o apego ao jogo

muda o gesto duma figa

pego o chapéu do bobo

sorteando amor nos braços da amiga