Indiretas Pra Menina Flamejante

Num silêncio meio-chato feito a tarde,

Sobrevoando a palidez da minha janela,

Cantam uns passarinhos embaçados:

“Teu nome”

Acho ser o que dizem,

Porque é você

A que entreabre-se de suas conversas.

Enfeitiçado pelo momento,

Me aconchego na varanda,

Penso em te escrever uma canção;

Mas o que escrevo, amor?

De todas as alocações em que cabes,

Em que instante te cabe por

Senão, dentro de meus oceanos?

Diz, que graça tem transmutar o amor

Pra mais além da loucura que já é?

Mais sete níveis abaixo do inferno,

E pra que?

No vórtice em que me imerso: a insanidade,

Não vale apena apagar suas manchas solares

Em minhas águas turvas, profundas e sem fim...

Ide, seja o sol de corações que podes aquecer,

Que podes habitar

A propagação da vida que concebes!

Minha estrela erradicou-se do universo

Perdeu-se adentro em minhas águas

Aqui não chegam suas manchas solares

Não se faz vida feito a vida que se faz

Em alguns de seus planetas habitáveis...

Que os passarinhos digam-me o teu nome,

Junto a tudo o que compõem-te meu universo:

Multiversos onde encontro-te

E incendeias a atmosfera morta

De meu planeta gelado e vazio;

Que também levem com eles essas linhas

Frias,

Que se entrelinham nas cores

Do esquecimento que nunca vivi...

- Berserker Heart