O VENTO

A mulher se reveste de sentimento

O sentimento transborda em poesia.

A poesia se propaga no vento

O vento que agora me acaricia.

Sinto o vento, sinto o momento,

Sinto o amor, sinto a dor.

Sinto muito pelo distanciamento

De quem o destino separou.

Sobre o amor, em fala inspirada,

Dizia Drummund, com razão:

"É uma doação ilimitada

A uma completa ingratidão".

O sábio autor relatou o proceder

Desse fato que percebia.

Isso o vento nem precisou me dizer

Há tempos eu já sabia.

Sabia que me doava

Sabia que sentia

Sabia que te amava

Mas não que te perdia.

Conheci a tal "doação ilimitada"

E também a "completa ingratidão".

A primeira foi por mim executada

A segunda pelo teu coração.

Você chama de "mal entendido".

Eu de ato inconsequente.

Você diz que o tempo é corrido.

Eu a vejo indiferente.

Você jura que me ama

Mesmo com o amor a machucar.

Mas não pega o primeiro ônibus

E vem me encontrar.

Por isso, minha bela,

A distância existia.

A desilusão agora se revela

Em forma de poesia.

DESILUSÃO. A ilusão que se quis

A esperança que nasceu.

O sonho tão feliz.

Que não aconteceu.

A loucura que não foi feita,

A felicidade que não se permitiu

Uma tristeza que não se ajeita

Um coração que se feriu.

Mas o coração confidenciou ao vento

Que ainda espera se curar.

Que as palavras bonitas

Sejam ditas neste lugar.

No espaço físico,

No mundo real.

Não apenas aqui,

De maneira virtual.

Vai, vento! Dizes a mulher que te mandou

Que até o poeta se contradiz.

Que o sonho não acabou,

Que ainda dá tempo ser feliz!

Thalita Gaspar
Enviado por Thalita Gaspar em 19/11/2014
Reeditado em 19/11/2014
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