O VENTO
A mulher se reveste de sentimento
O sentimento transborda em poesia.
A poesia se propaga no vento
O vento que agora me acaricia.
Sinto o vento, sinto o momento,
Sinto o amor, sinto a dor.
Sinto muito pelo distanciamento
De quem o destino separou.
Sobre o amor, em fala inspirada,
Dizia Drummund, com razão:
"É uma doação ilimitada
A uma completa ingratidão".
O sábio autor relatou o proceder
Desse fato que percebia.
Isso o vento nem precisou me dizer
Há tempos eu já sabia.
Sabia que me doava
Sabia que sentia
Sabia que te amava
Mas não que te perdia.
Conheci a tal "doação ilimitada"
E também a "completa ingratidão".
A primeira foi por mim executada
A segunda pelo teu coração.
Você chama de "mal entendido".
Eu de ato inconsequente.
Você diz que o tempo é corrido.
Eu a vejo indiferente.
Você jura que me ama
Mesmo com o amor a machucar.
Mas não pega o primeiro ônibus
E vem me encontrar.
Por isso, minha bela,
A distância existia.
A desilusão agora se revela
Em forma de poesia.
DESILUSÃO. A ilusão que se quis
A esperança que nasceu.
O sonho tão feliz.
Que não aconteceu.
A loucura que não foi feita,
A felicidade que não se permitiu
Uma tristeza que não se ajeita
Um coração que se feriu.
Mas o coração confidenciou ao vento
Que ainda espera se curar.
Que as palavras bonitas
Sejam ditas neste lugar.
No espaço físico,
No mundo real.
Não apenas aqui,
De maneira virtual.
Vai, vento! Dizes a mulher que te mandou
Que até o poeta se contradiz.
Que o sonho não acabou,
Que ainda dá tempo ser feliz!