A DESCOBERTA

"…E quando meu coração se sentiu sozinho e vazio

Batendo no peito, sem razão de sua função e com frio…"

Assim como uma árvore, no inverno

Com seus galhos desnudos, sem vida

Sem sombra, nem pássaros, nem ninhos

Eu passava na maioria das vezes, despercebida.

Eu sobrevivi…

Atravessei o inverno da minha vida

Com a tormenta de vendavais e nevoeiros

Envergando-me, cedendo-me à ira

Para que não me quebrassem por inteiro

Mantendo a coragem e a esperança

Com o pensamento de que dias melhores viriam

Mesmo quando qualquer esforço parecia inútil

A minha vontade e fé, jamais tomariam

Eu resisti…

Como a natureza resiste o inverno

Com sua força de raízes latentes

Esperando a virada das estações

No silêncio de suas sementes

Eu esperei…

Como a primavera espera pelo sol

Trazendo o seu abençoado calor,

Fazendo brotar as folhas, flores e frutos

Trazendo sua beleza multicor

Me alegrei…

Como os pássaros à procura de seus pares

Fiquei na expectativa de um novo amor

Que fizesse meu coração bater forte

Trazendo ânimo para minh’alma, carente de amor

Me decepcionei…

Quando ouvi meu coração, em sua pureza

Achar que assim como na natureza

O sol aquece sem distinção, toda a criação divina

Seja ela uma árvore, uma flor ou uma erva daninha

Quando na realidade, a primavera se define pelas flores

Por sua magnífica beleza, explendor e cores

E descobri…

Que as flores têm raízes frágeis e vidas curtas

Que a paixão provoca emoções fortes e absurdas

Nada tem o que sustente esse sentimento

Assim como para as flores, é uma questão de tempo

Muito calor, faz a flor murchar

Todo cuidado é pouco, pois ela vai despetalar

Assim é viver uma grande paixão, sem amar

É começar sabendo que um dia vai acabar

E pensei…

Que na verdade eu sou como um arbusto

E aos amantes das flores, eu até assusto

Pois tenho uma força enorme em minha essência

Que não sabe viver de paixão, nem de clemência

E concluí…

Que o meu valor e o meu encanto

Estão no meu carater nobre e guerreiro

Talvez não seja a ideal musa para um poeta

Mas sou digna de um amor verdadeiro

E desanimei…

Pois nesse mundo, onde a maioria dos homens

Do “sexo fragil”, ainda querem ser o herói

Se deixam levar só pela beleza física

Que o tempo, sabemos, destrói

Não quero viver com um homem

Que me vê dessa forma paladinada

Não fui feita pra paixões passageiras

Eu nasci pra ser amada