MOURA ENCANTADA

Ouvindo o canto silencioso da chuva

Com graça e doçura chora minh’alma.

Silente lágrima! Suspira de Amor!

Poesia amargando à dor da saudade...

A razão é dama de ferro!

Não se rende aos caprichos da alma.

Lunática! Pandega! Com asas!

Atravessa rochedos e montes.

Na urgência dos sentidos...

Invade-me a ansiedade.

Há tantos vestígios de ti em mim.

Na penumbra ainda te vejo.

Rendo-me ante tuas muralhas

Chorosa como Moura encantada.

Pisando em folhas farfalhantes.

Carente de carícia e afagos.

Amordaçadas tuas palavras

Lacônico... Sucinta... Calada!

Sou flor da noite entre lápides frias...

Bebendo goles de luar!

Manda a razão te abjurar... Renegando-te

Tua missiva sequestrando! Abduzindo a’lma

É hálito... Orvalho... Soro que sustenta.

Meu sonho amanhecido acordado!