A última poesia

É dia de inverno em meu coração...
Rasga o peito uma vontade louca de chorar:
Aqui, a última flor deste jardim...

Depois da tempestade silenciosa,
Encantos, verdades e mentiras
Zunindo num adeus surdo do vento,
Entoo meu derradeiro canto,
Sem som que o valha,
Sem palavras que rastegem na emoção...
Em vão foram-se as letras
Trazidas aos olhos de quem nada entende
E valoriza o que lhe trazem à mente...

De mim e em mim, vão-se as linhas
Enfileiradas num cortejo fúnebre...

Outras poesias, versos simples,
Um não querer dizer mais que o denotado
Talvez lhe traga a brisa de suas manhãs primaveris...
Um nada além das ondas do mar,
Belo, profundo e sincero que pintei em sua homenagem,
Razão de um viver tão só em mim,
Oculto na areia de rimas sem nome...

Tentativas vazias, uma pós outra,
Em metáforas pintadas de sangue...

Assim rasguei os dias, cantando a dor da sua mágoa,
Movimento impresso no papel,
Ocluso em versos de tantos significados...

Assim estanquei o que sangrava,
Indo pelo fluxo e confluência do pensamento,
No intento de tocar o seu coração...
Dorme agora a mulher das "palavras tão bonitas"
Arrancadas da alma para compor o meu, tão seu, jardim.
Sol Galeano
Enviado por Sol Galeano em 15/10/2013
Reeditado em 17/10/2013
Código do texto: T4526298
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