Poemas Diversos
BRUXAS E GATINHAS
Para quê mentiras se a verdade se mostra solta
Tenho amigas disfarçadas de bruxas e muito loucas
Me dão sorrisos, fazem medo, me amedrontam
São só gatinhas, meigas de carinho e eu sozinho em pouca conta
Tenho música, versos, minha vida e vírgulas
Não se espanta
A estética de passos e tropeços
Nunca pausas, nunca faltas
Basta meus erros e a quimera giganta
Nunca mais pequena criança
A brincar com o passarinho
Em tuas mãos me tomas
Cresci demais para caber até em tuas mãos
Que dirá teus braços, teu abraço
O berço tem que ser cama
E a calma que agora transpareço
Em fúria de amor derrama meus beijos
Em teu leito de lençol fértil
Febril na noite escura
Cantarolo com teu instrumento
Me tomo, frugal boêmio
Te torno meu doce inferno
E xingo a Deus e o mundo
Mudo, louco, atento
Jonnêz P. Bezerra
***
AQUI ESTÁ- TANTO VENENO
Num mar, num belo diamante
Quais sinos é Estela e miragem
Em rio toca a bela paisagem
Arco-íris de chuva inconstante
Vejo tudo e não vejo nada
Meus olhos cegos ofuscados
Fascinam-se agora,
Eu eclipsado
As chamas atraem ardores
A gélida alma cobre de calores
Se atiram eles os concretas
Em campos elísios de amores
Ah! Vestais, sedes mesmo o poema
Em resquícios me avesso
Tão rouco canto mais alto no começo
Te adoro, te compro em rico diadema
Te encontrei dentro de mim
A anular minha agonia
Paradoxo, eu vi neste dia
Aqui!? Um amanhecer de jasmim!?
Nos campos da realeza
Sentindo etérea dor
Olhando o furta cor
Tive vertigens oh princesa
Sendo eu a desposar um mote
Nas viagens astrais que ressoas
De mera lembrança de meus sonhos
Te encontro criança brilhante
Tal claridade a doer nos ossos
Enrijecer meu rosto
Nada mais eu posso
Para enxergar-te em esforços
E na forma de delicioso veneno
Um gole a mais me anula
Por gostar me agarro à vida
E por amar-te acordo vivendo
Jonnêz P. Bezerra.
***
Enxerta,enxerga, no peito
Clara, lívida e elegia
Teu suspiro me alenta
És o norte sem rima
Minha amada calada
De palavras isenta
Me aflora uma rosa
Me cola tua rama
Enxerto perfumada
Perfeito se encaixa
Fora do anel pois fina,
Nos dedos rosada
No dueto solada
Sozinha e graciosa
Dançamos, enamorada
No sonho liberta
Da vida casada
No duelo de rimas
Esgrimas cantadas
Os sons das espadas
O brilho das batalhas
O calor de amores
Num seio sem dores
Vinga teus ares
Te sustentas pilares
Estrelas sem luas
Almas tão nuas
Dos bosques sois ninfas
Das cidades sem idades
Eternas duram
As horas não chegam
Nunca te alcançam
No firmamento descansas.
Jonnêz P. Bezerra
***
O RITUAL
Uma foice (são podados de novo), perde a vez
Perdoado, santo católico e o espírito traduzam
São romarias e terços, são Marias! Mostrem!
Novamente digo, mostre-me na surdez
Leitores desatentos, de castidade e de couraça
No coração duro, um terço do mesmo que afasta
Eita como é pesada, busquemos o perdão da amada
A virgem a miragem a vida e toda esta mirrada
Na alcova um melaço que prende o novo
Não é mãe ou leoa feroz quem ali lhe embala
É a morte pura dos ares enxofrosos da cabala
Religião ardil e de subterfúgios, tudo escondido
Pentagramas dispostos, o demônio em si cantarola
E Deus que a tudo vê, não diz nada, não repreendamos
O tempo nos leva e tais palavras ao fogo dos infernos
Papéis rasgados, queimados, no escuro ele ainda espera
Adoremos a ave feia, pois não é de sacrifício esta
Tudo que no mundo não brilha é de Deus imagina
O valor é celeste e eterna tal alma de alegre pureza
Não vemos tudo e nunca a aura imaculada de tal graça
Muitas coisas não são vistas, ignoradas nos planos
Tal vilteza de chão ralo e infecundo de quem desce
Não é belo admito, mas a grandeza de espírito enaltece
Os campos podem ser belos se vistos aos olhos dos insetos
Guardemos para nós mesmos a pequenez grandiosa
Do esforço és espúrio e dos soldados romanos os sonhos
A glória, feiticeira e logro, irmã da frustração e desatinos
Apaixona, seduz e engana mancebos e anjos na queda
Nada mais a dizer leitor faminto, podes cair agora, desça mais
Na torrente de mares profundos, a corrente que desesperas
Mergulhe e enfim sinta-se como um só na natureza sem memórias
Sois vivo, incólume, sois ativo e das grandezas imemoriais
Altares a deusa, altares á ti mesmo aqui no mundo
Os rostos dos outros não enfrentas, freias grandioso
Cessado o movimento na pose do ser supremo
No centro do templo és cuidadosamente admirado
Teu berço tão delicado dos olhos de impuros é afastado.
Queimaria tuas faces e as deles pulverizaria encolerado
A maldição humana de ti afasta ó ser tão supremo
Não és virgem e sim patriarca, deste mundo por ti emprenhado
Jonnêz P. Bezerra
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O espetáculo humano, chato, monótono , tedioso
Faltam sinônimos na tal redundância do espírito
Cheios corpo e espírito, vazios eles; tempo e conteúdo
Exercem os humanos sua vontade no destino
Nada cruéis, em nada afortunados os novos e os cegos
Crianças tem mistérios e adultos livros muito lidos
De nada serve tanto uso se és uma enxada sem futuros
Bacana é o prazer ou bacanal em deliciosos usufrutos
Tenta mais um pouco, é tentador teu esforço
Bate à porta com vontade e espera mais um minuto
O tempo pode até parar ou adiantar até o momento
Tens sorte de ser humano, sazonal como tênue rio
Os pombos batem suas asas e longe relincham cavalos
Humano, nunca semideus apesar de se acharem tanto, todos
Seria um pégasus que vejo ou mera lembrança épica dos tolos
Morremos, dizemos adeus, mas não agora, saibamos
***
Encanto
Não mais amada minha como à primeira noite que cala
Os segredos nos teus olhos enxergarei tão ébrio é pena
Brincarei em outros ares e me permitirei ganhar as asas
Tão próximo dos astros e distante de toda a terra
Eterna brincais em minha memória e roubastes suspiros
Devaneiosos são no sol ardente ou no gelo de dias sóbrios
Devora-me a imaginação cadente da tarde solitária de verão
Os ventos sopram e tortuosas as miragens na sede de teus olhos
Não me atrevo a pedir-te mais de ti, pois já tive por anos
Num olhar apenas e num cosmos antigo de magia transcendente
Caio embalado por tais lembranças e no mistério arrebatador
Uma presença cantante e que foge a mente em cada momento
Brinco alegre nos campos, a morte não mais me alcança
Só o perfume de álamos e os salgueiros espessos do campo
Meus olhos cheios de vida, o corpo pulsante e o mundo que vibra
Ninguém me alcança, nem mesmo tu que me trouxestes de novo à vida
Talvez o frescor de noites ou de primaveras te tenha roubado
Quem sabe outros encantos e delícias do mundo que tanto fascina?
Os pássaros nos contam segredos de outros tempos e o mundo...
Ainda é mundo acreditas?
Jonnez P. Bezerra
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O Poder das Palavras
Palavra, mágicas, tem o seu efeito e fazem construir
Significados, com coisas úteis somente para elas palavras
Belas gentis e convincentes, ou fortes, podem destruir
Jogadas no papel tem duplo sentido: boas ou más
Palavras despertam significados e inventam também
Mas não se esqueça do homem que há por trás
Num jogo de quebra cabeças e na frente também
Sabe-se de outro homem e talvez refém,
Da palavra que aflige, dirige, mastiga e cospe
Na cara da humanidade e da dignidade também
Palavra, não me seja má, trate-me bem
Pois te tenho maior carinho, sou homem
Não feito de palavras mas de carne
Não me firas, não te firo também
Jonnêz P. Bezerra.
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Cale-se agora pessoa má!!!
Escute as ondas e o mar...
Balance a cabeça pessoa
Diga sim ou não
Mas diga já
Traga-me; um cigarro!!!
Escute o fogo queimar...
Jogue as cinzas no ar
Traja-me; um terno
Pois chego ao termo
Mas cale-se!!!
O clamor pare já...
Incenso, aguardente
Murmúrios é normal
à frente pro mar
estirado frente à porta!!!
Saudoso em ondas.
A morte já foi!
Não há medo
Diga-me pessoa...
Há medo?
Em teu credo
O incrédulo aceita...
Dá-me a receita
Pois esta já não me serve.
Jonnêz P. Bezerra