Plutão

Eu o vejo! Sim, eu o vejo.

O vejo no bares, nos livros, nas árvores,

nas ruas das pacatas cidades,

nas amizades feitas com tanta facilidade.

O vejo nos tons de cinza e marrom

e também o vejo na chuva fina — aquelas,

que deixa a gente meio doente.

O vejo em presságios de dias bons

e na ventania que leva minhas incertezas

e traz um pouco de saudade.

E eu o sinto.

O sinto no dedilhar de violão, na nota entoada,

no verso recitado e na palavra cantada,

o sinto no corte do dedo ao tentar cortar uma maçã,

no escorrer de uma lágrima, no nascer de uma manhã,

no martelar infinito da dúvida

de como seria se não o parasse para conversar aquela tarde.

E eu o busco.

O busco no vazio de mim e nas multidões,

nos meus sorrisos amarelos, na pressa de partir

em meio aos números, nos e-mails dos cartões,

e na vontade de sumir.

(De voar pra Plutão e me instalar lá, com muitos cobertores felpudos.)

Será que ele está lá Plutão? Com cobertores e chá quente?

— Não sei, não se pode viver em Plutão.

Vamos? Quem sabe o encontro passeando por lá...

... e escondendo minha vontade de escrever sobre a gente.

Ana Eduarda
Enviado por Ana Eduarda em 26/08/2013
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