Plebeu.

Não sou poeta, nem erudito... Não sou anjo, nem demônio...

Não sou frio, ou calôr... Não sou vento, ou calmaria... Não

sou lúz ou escuridão... Não sou guerra, e nem páz... Não sei

quê, o amôr nos trás; mas sei, o quê é solidão... É uma coisa ruím,

quê nos envolve assim; nos enlaçando e apertando, a mente e o co-

ração; chego à orar pelo fim... Mas uma voz diz-me assim: Fi-

lho, não abortes a missão... Dias e dias passam, e nas semanas en-

trelaçam; formando os mêses e anos... Saudades e dôres me abra-

çam; lágrimas, meus ollhos embaçam; por ti meu amôr é tão puro,

e tu o dizes; leviano... Falei-te do meu sentimento; recusastes-me;

com palavras duras, horriveis, e elas teceram uma colcha; cujos os

fios, sem matar-me o frio, até hôje; me cobre... Quê pena... É tão

puro meu amôr... Quê pena... Sou plebeu... Tu és nobre.

Moacyr Barbosa.

Moacyr Barbosa
Enviado por Moacyr Barbosa em 28/07/2013
Código do texto: T4408844
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