Plebeu.
Não sou poeta, nem erudito... Não sou anjo, nem demônio...
Não sou frio, ou calôr... Não sou vento, ou calmaria... Não
sou lúz ou escuridão... Não sou guerra, e nem páz... Não sei
quê, o amôr nos trás; mas sei, o quê é solidão... É uma coisa ruím,
quê nos envolve assim; nos enlaçando e apertando, a mente e o co-
ração; chego à orar pelo fim... Mas uma voz diz-me assim: Fi-
lho, não abortes a missão... Dias e dias passam, e nas semanas en-
trelaçam; formando os mêses e anos... Saudades e dôres me abra-
çam; lágrimas, meus ollhos embaçam; por ti meu amôr é tão puro,
e tu o dizes; leviano... Falei-te do meu sentimento; recusastes-me;
com palavras duras, horriveis, e elas teceram uma colcha; cujos os
fios, sem matar-me o frio, até hôje; me cobre... Quê pena... É tão
puro meu amôr... Quê pena... Sou plebeu... Tu és nobre.
Moacyr Barbosa.