ABISMO DE ROSAS!




ABISMO DE ROSAS!
Silva Filho


Quedou-me a sedução
Da rosa imarcescível
Quando abriu o seu botão
Exibindo seu condão
Com o cheiro de vertigem.

Aconteceu no vergel
Onde me fiz natureza
Sorvendo toda a beleza
Disseminando o mel
Foi quando a rosa encantada
Piscou-me inebriada
Fazendo tremer o céu.

Fitei aquela beldade
Que me chegou sorrateira
Uma rosa de verdade
(Bem modelada em carne)
Desabrochada, inteira.


E o seu botão em delírio
De resplendor descoberto
Continuava aberto
Convidativo, desperto
Emparelhado ao lírio.

Pousei naquele botão
Cambiando energia
Dentro da bifurcação
Enquanto me derretia;
E nesse abismo de rosas
Já posso fazer juízo:
O prazer já não se dosa
Nas raias dum paraíso.