Odalisca.

Estou andando em um deserto, ha muitos dias a lhe procurar,

Não me incomoda a sede, nem a tormenta do sol a me queimar,

Nesse mar de areia, as tempestades machucam minha carne,

E as aves que me acompanham, querem me despojar,

De toda minha integridade, para sua fome saciar,

Eu caio varias vezes, e luto para levantar,

E vejo no horizonte, seu semblante a me encantar,

Mais linda que todas as historias, me fascina mais que o luar,

E nas noites frias do deserto, seu suspiro sobre meu corpo a esquentar,

E imagino seu corpo me consumindo, seu fogo a me queimar,

Seus belos olhos de odalisca, com as joias a cintilar,

Eu sentado como um xeique, a observo,

Com uma espada na mão, a dança do ventre dançar,

Mostrando-me que é a mulher certa, que para mim devo tomar,

Nessa hora abro meus olhos, e num rompante a me levantar,

E sigo a trilha de seu perfume, que a brisa traz pelo ar,

E num Oasis eu a vejo, correndo em minha direção,

E seu beijo me sacia, toda sede da solidão.