«Jupiter e Calisto» - Óleo sobre tela, Rubens, 1613 (Museo del Prado)




ÊXTASE

Em breve se acenderão
No céu as estrelas...
Renascerei ao vê-las,
Como tu,
Iluminam a escuridão!
Em breve virás
E no oceano
Do meu corpo,
Com fervor,
Velejarás.
De meus lábios,
Gota a gota,
O cálice do amor
Beberás
E nos beijos desejados
Beberei todos os desejos
No corpo e na alma
Acumulados…
Possuis o mapa secreto
Dos recantos do meu corpo,
Traçando em linhas claras,
O destino exato das tuas mãos,
O refúgio secreto da tua boca,
Os profanos desejos
Do meu coração.
Decifrando rotas exatas
Chegas ao reino do prazer
Onde te espero,
Em toda a dimensão
Do meu ser.
Sem medos ou receios
Chegarei até teu centro,
Quente, ardente,
Cruzando a floresta
Do teu corpo,
Manancial de amor,
Transitando pelas veredas
Da paixão,
Libertando o fogo
Que queima
Dentro de mim.
Absorverei todos os odores
Fluidos e sabores
Da nossa entrega,
Das ardentes carícias,
Das bocas,
Dos sexos
E suas delícias…
E só pararei
Quando alcançar
O ansiado Nirvana,
O êxtase
Que tudo inflama,
Então, no meu refúgio,
No meu lugar,
Finalmente repousarei,
Pois a paz do meu mar
Encontrarei…

Ana Flor do Lácio






«Júpiter e Calisto»
 
Em 1610 Galileu Galilei descobriu que o maior planeta do sistema solar,  Júpiter, tinha quatro satélites (ou luas), orbitando em torno dele. Esses satélites são chamados "galileanos", e são: Io, Europa, Ganimedes e Calisto. Desde então, mais de 60 luas foram descobertas em Júpiter.  
Calisto, foi também, na mitologia, uma bela jovem ninfa caçadora, filha do malvado Licaão, rei da Arcádia. Foi amada por Júpiter (Zeus, na mitologia grega), de quem teve um filho, Arcas, o que provocou o ciúme de Hera (Juno, na mitologia grega), sua esposa. Para proteger a jovem , Júpiter escondeu-a numa floresta, mas a rainha do Olimpo vingou-se: transformou-a em ursa  e roubou-lhe a voz.

Calisto, tentando suportar a dor que sentia, fugiu para a floresta, onde caminhava sem destino, sozinha.  Às vezes vagava, durante as noites, ao redor de sua casa, com esperança de ver seu saudoso filho. Um dia, viu um belo jovem caçando e nele reconheceu o próprio filho, agora adulto. Com vontade de abraçá-lo, aproximou-se, mas ele, assustado, ergueu a lança de caça num gesto instintivo de defesa para desferir-lhe um golpe certeiro. Ela quis falar com ele, mas sua voz tinha sido roubada e de sua garganta apenas saiu um terrível rugido.
Zeus, vendo o que se passava, compadeceu-se do amor de mãe e filho separados e impediu a consumação do crime. Fê-los subir ao firmamento, colocando-os no céu, onde passaram a brilhar transformados nas constelações Ursa Maior e Ursa Menor.

Hera ficou furiosa, pois não aceitou que sua rival fosse honrada daquela forma. E por isso procurou Tétis e Oceano, as antigas potências do mar, e contou-lhes o que acontecera. E em resposta às perguntas que os dois lhe fizeram, ela lhes disse:  

«Perguntais-me por que eu, rainha dos deuses, deixei as planícies celestes e vim em busca dessas profundidades? Sabei que estou suplantada no céu, meu lugar é dado a outra. Olhai para o alto quando a noite escurecer o mundo e vereis os dois, exaltados no céu, naquela parte em que o círculo é menor, nas vizinhanças do pólo.
Vede o que consegui fazer! Impedi-a de usar a forma humana e ela é colocada entre as estrelas. Tal é o resultado do meu castigo, tal a extensão do meu poder!
Melhor teria sido que ela tivesse recuperado a forma humana!
Peço-vos, meus pais de adoção, se estais comigo e encarais com desgosto este indigno tratamento que me foi imposto, mostrai-me, peço-vos, impedindo aqueles dois, mãe e filho, de penetrar em vossas águas!»

As potências do oceano concordaram e, consequentemente, as duas constelações - Ursa Maior e Ursa Menor - foram empurradas para perto do Pólo Norte onde as estrelas são sempre visíveis, mas jamais têm descanso, pois movem-se sempre em círculo no céu, porém jamais descem, como as outras estrelas, por trás do oceano, junto à linha do horizonte. (Em Os Lusíadas, canto V:15, Camões faz referência às constelações: «...Vimos as Ursas, apesar de Juno / Banharem-se nas águas de Netuno...»)


A Ursa Maior e Ursa Menor, estando perto do pólo, são sempre visíveis nas noites de quase todo o hemisfério norte. O asterismo das sete estrelas da Ursa Maior, sendo claramente reconhecível, é de uma grande ajuda para a orientação no céu. Na cauda da Ursa Maior está a famosa Estrela Polar que há mais de 2000 anos nos indica o Norte. Na antiguidade, as estrelas serviam de orientação para os viajantes em terra e para os marinheiros em alto mar. Os diversos padrões que formavam no céu levou a que os antigos lhe atribuíssem nomes conforme as figuras que representavam: animais, cabeleiras, homens, mulheres, etc. Às constelações, os gregos deram o nome de figuras mitológicas, sendo algumas delas parte do Zodíaco.
Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 12/02/2012
Reeditado em 13/02/2012
Código do texto: T3495398
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