Viço

Ouço um tropel que vem

Lá do fundo da canhada

O coração vai pinoteando

Um chapéu negro vem riscando

A curva da invernada

O gaúcho se chegando

Trazendo a vida tratada

Montado num pingo baio

Marcado de tempo e de lida

Que tal qual ao gaúcho

Merece o descanso e a guarida

Dentro da casa de taipa

Joga a guaiaca o chapéu

Espalha no chão batido

O pelego o pala e a fala

Pela janela aberta

Entra a luz do luar

E o brilho e mil estrelas

Que aos poucos vão iluminando

Dois corpos suados

Espalhados no pala no chão