FERA FERIDA
Jogada, solta na cama,
sem ter, com ela, quem ama
satisfazendo-se, sozinha,
enquanto por ele chama.
Neste prazer solitário,
sacia, temporariamente,
a falta que dele sente.
Mas tudo, bem ao contrário
das horas em que o tem consigo,
torna-se insatisfatório,
deixa-a ao desabrigo.
Nada se equivale ao calor
da sua presença amada,
quando ao seu lado, deitada,
entrega-se com ardor.
Resta-lhe a frustração,
uma culpa sem perdão,
diante da situação
que não pode resolver.
A ela resta esperar
e levar o seu viver,
agradecendo o que a vida
tem para lhe oferecer
e aguardar o seu homem,
sem deixar-se abater.
*****
RJ, 30/03/11