A rede Rosada e a rede Xadrez

Gurupá, 5 de setembro de 2004.

A rede rosada

sublime

exalava

perfume

pra certa

rede Xadrez

que veio em balanço

bem calmo

e manso

cantando

cortejos

e assim o fez

“esta viagem é um sonho

pois você eu queria encontrar

te espana e encosta em meu punho

para que eu nunca mais possa acordar.”

a rede rosada

se viu

vermelhada

e deixou

o Xadrez

bem perto de si

e bem se tocando

foram

balançando

com aquele

Banzeiro

aplaudindo assim

“mas que ilusão venerada

que eu nunca mas tinha avistado

que pena! a dona da Rosada

vai descer no primeiro aportado.”

a rede Xadrez

engatou

por sua vez

sua corda

pra amada

não ter que ir

a moça puxava

enfim

desatava

guardava

a rosada

e assim partir

“volta, ó minha adorada

então juro, eu vou te buscar

que seja minha derrocada

nós juntos vamos balançar!”

a rede Rosada

de dentro

chorava

da mala

se ouvia

um suspiro fino

e aí se separam

mas sempre

lembravam

dos bons

ventos-canto

o som do hino

“esta viagem é pra sempre

que eu nunca mais possa aportar

nos anos, que a gente se lembre

dos tempos de um lindo tocar”

a rede Xadrez

faz três anos

talvez

que procura

a Rosada

nos barcos afora

já toda puída

mas bem

destemida

enfrenta

as ondas

bradando agora

“ó maresia do mundo,

me ajuda e que eu possa encontrar

me veja como estou moribundo

sem rumo, sem força, sem lar.”

engata na franja

a Rosa

com mancha

a rede

perfume

a exalar

o Xadrez se espanta

feliz

é que espana

que acorda

os outros

com seu gritar

“Esta viagem é de sorte!

Pois você, meu amor, encontrei!

e nem que eu rasgue pra morte!

minha vida valeu, eu bem sei...”

A dona da Rosada

e o moço do Xadrez

também ficaram engatados

para o fim da vida

o vento que os balança

é o mesmo que nos sopra

e lá na alma agitam

o Xadrez e a Rosada

não é Banzeiro?

“que os digam!!”