O QUE NÃO GOSTO DE VOCÊ, AMOR.

Amor, só não gosto do jeito que você ancora,

nem da forma como joga conversa fora,

ou como olha pra mim e não me vê.

Amor, só não gosto como você descasca batata,

nem como reage quando um filho a desacata,

ou como deita no sofá pra ver TV.

Amor, só não gosto do jeito como pendura a roupa,

nem da forma como toma sopa,

ou como conta das coisas que tanto crê.

Amor, só não gosto de ouvir suas aventuras,

nem da forma como lida com as almas escuras,

nem como compartilha das coisas que quer esquecer.

Amor, só não gosto das músicas que tanto aprecia,

nem como faz valer a sua alegria, ou agonia,

e nem quero pensar como será quando você envelhecer.

Amor, só não gosto do jeito que organiza a casa,

nem do seu critério pra diferenciar o que é funda, o que é rasa,

ou da forma quando resiste quando só deveria ceder.

Tirando tudo isso você é minha metade, meu único passado,

meu fiel legado, desejo mais que encantado,

aquela em que aportei o velho corpo cansado,

aquela pra quem corro aflito quando a vida vira um grande fardo.

E que um dia bateu na sua porta só pra pedir um pedaço de pão.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 02/04/2011
Reeditado em 03/04/2011
Código do texto: T2885820
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