Amor Além da Vida

A solidão do quarto me projeta pela cidade

Edifícios, buzinas, becos, fumaça, gato preto

Nuvens negras de caos e cumplicidade

Nenhuma alma vai contar que fui liberto

E por detrás dos vultos que te espreitam na madrugada

Eu caminho sem deixar-te ver-me em ti tenaz

No grilo da tua mente empapuçada

Da neura insistente de olhar pra trás

Uma lágrima escorre na tua face

Como um rio a caminho do mar

Pinga no asfalto molhado como parte

Da chuva que a noite se achega pra esfriar

Seus passos tortos trocados na imensidão

Silêncio, madrugada, alarmes, dor

Teu sobretudo arrastando no chão molhado, solidão

Algumas dores provenientes do amor

Você procura as poesias no jornal rasgado

Teus cabelos encharcados e o chapéu desalinhado

Maquiagem borrada, batom vermelho-sangue

E teus olhos calados em que algo os estranhe

É uma dor cruelmente calada

Consegue cortar-te sem nada dizer

Bela moça dos olhos de fada

Que sina é esta pra se viver?

Em tua aflição, o deleite dos meus sonhos

Preciso estar contigo, tocar-te surdamente

Muito além dos teus desejos medonhos

E dos abismos que criaram sua mente...

Você poderia estar em bilhões de lugares

No entanto, senta-te nas calçadas com tuas miudezas

E adormece ao desesperar-se

Percebendo ainda estar presa...

Quando libertares enfim tua alma

Do teu aflito e confuso corpo

Reencontraremo-nos na calma

De um amor então, morto!

Alex Fernando
Enviado por Alex Fernando em 03/05/2010
Código do texto: T2234167
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