DOBRAS DA MESMA ESQUINA!

(Poetha, Abilio Machado)

Cerro os olhos

Vislumbro no breu

O céu de teu sorriso

A me observar

O quarto simples

Cheiro do incenso

Que reveste e embala

Os sonhos na manhã

Seria domingo

Quarta ou outra feira

Nem sei...

Sonatas entoadas

Recitais matinais

Ondas palavréricas

Rimas sem contexto

Há apenas a pena

Dos pretextos em versos

Descritos em texto

Meus todos... Ais...

Para ver teu corpo

nas minhas mãos...

Minh’Alma de poetha.

É cantar e dizer, é voar...

Um sax trovejante ao ar

Minhas dores

Sobre meus amores

Mulheres que amei

Homens que passei

Amigos que me traíram

Sob conceitos bestas e infantis

Lembranças toscas

que surgem sutis...

A maré que chega

busco o mundo perdido

todo ferido

Cerro os olhos

Me vejo crescido

Que o perdão poderia ser ofertado

E que meus pecados

Sejam todos lavados

Na memória dos amantes

que esqueci

Ou me fiz

Assim ao dobrar a esquina

Da outra esquina: perdi...