TENHO CIÚME DA MORTE

Tenho ciúme da morte

Que te encobriu como manto,

Fazendo murchar Flor de encanto,

Sufocando noss’alma em pranto,

Neste mar de triste sorte.

Ela chegou calma e fria,

Te envolvendo como queria,

Sem que tu lhe resistisses

Envolveu-te em seus lânguidos braços,

Dos pés à boca te afagou,

Em teus ouvidos sussurrou

O último sinistro poema

Eu que em tua alma jazia

Em laços de terno amor

Senti também o calafrio

Dos toques de angústia e dor

Da pele gélida da morte

Ela aos poucos te tocava

E de mim te separava

Pela forçosa partida...

Levou a morte teus sonhos,

Levou a morte teus beijos,

Levou a morte teu corpo,

Levou a morte tua vida...

Os sonhos que eram meus,

Os beijos que eram meus,

O corpo que era meu,

A vida que era nossa...

Tenho ciúme da morte.