Escolhas
Sou como a criança
que, insegura, dá seus primeiros passos.
Meu coração palpita ansioso no vazio
que existe entre o sentir e a razão.
Tento não pensar...
Tento calar no peito
as palavras de dor que me perseguem...
Saio pelo vento,
flutuando em tua alma,
orbitando o teu espaço...
E nesta solidão que se avizinha,
deixo aquietar, convenientemente,
o mar das minhas dúvidas...
Na complexidade dos pensamentos,
antíteses desconexas,
vou tentando viver a simplicidade de cada amanhecer;
vou tentando sobreviver
das migalhas que faíscam de teus olhos,
pão que sutenta a alma
e a minha alegria de viver...
Por vezes penso em desistir;
mas meu egoísmo,
latente estado de antecipação,
insiste em meu calvário.
Queria mostrar-te a beleza infinita
que me cerca o sentimento,
mas toda a fala é muda
e teus olhos, cegos...
Quero acreditar, então, que vejas
com a sensibilidade que te aflora;
entretanto, vejo quedar,
na puberdade do teu tempo,
minhas esperanças...
O que me reserva a estrada?
Não sei... quem sabe?
A escolha foi feita
e lancei-me na roda da vida...
Se flores ou espinhos, agora já pouco importa....
Não há volta,
apenas um longo caminho pela frente
em que, espero, contigo possa contar;
em que, ao menos, tua amizade me seja
o conforto na exata medida
para que eu possa
continuar caminhando.