Versos melancólicos

Meus versos andam melancolicamente

mudos pelas ruas desertas da

cidade, onde sonhos são dispersos

diante da modernidade

sufocante do presente.

É como se as palavras estivessem

trajando mortalhas para o

funeral seguinte e no seu

epitáfio caíssem gotas de

um sangue de outras

vidas, de outras mortes.

A palavra que se perde no

papel reflete a incerteza

tênue que permeia a minha vida,

como a lembrança do pássaro

da noite que cortou os céus de

Castro Alves, anunciando a

partida de minha mãe

nas águas de março.

A figura feminina da morte

espreita meus dias, parecendo

o retrato da parede que

momentaneamente cria vida.

E assim meus versos

seguem mudos como se

estivessem indo para

a derradeira morada.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 26/10/2008
Código do texto: T1249530
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