Nosso idioma particular

Dentro das verdes e brancas paredes

Do condomínio que nos abrigava

Construímos a fundação do que seria

Nosso próprio mundo

Tudo dentro dos limites

Que uma criatividade juvenil

Pudesse chegar

Cultivamos nossa imortalidade

Não deixamos palavras de fora entrar

E ditar nossas brincadeiras

Escolhemos as nossas próprias palavras

Nossas própria paleta de cores

Tornamo-nos reis de nosso condomínio

Ao criarmos nosso próprio

Idioma particular

Nosso código secreto

Depósito de nossas memórias

Mensageiro de sonhos

Ponte palpável, porém

Translúcida para os demais

Nos escondemos do exterior

Mesmo estando visíveis

Aos olhos dos moradores

As fortificações do condomínio

Sucumbiram e viraram farelos

Fajutos fadados ao farewell

Fomos expostos ao hostil mundo

E aos seus afiados acúleos

Fugitivos da mediocridade

Entregues à incompatibilidade

Endurecer da idade

Despedida da infinidade

Quando sentimos a necessidade

De desaparecer

Apenas nos encontramos

Não importa o lugar

E voltamos a conversar

Com o nosso idioma

Desta vez, seremos invisíveis

Para tudo e todos

Usaremos letras, vogais

Consoantes e sílabas

Criadas por nós

Entendidas somente por nós

A fim de preservar

Os reflexos que não queremos

Largar e as memórias

Que não queremos abandonar

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 25/06/2023
Código do texto: T7821705
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