Chama Insone

Hoje tenho meu olhar triste

em volta da fogueira...

Não há canções juninas,

Meus amigos partiram,

Não há milho, nem ervilha,

Não há fubá, e nem quadrilha.

O fogo que mantinha minha chama acesa

Agora é fumaça e fuligem cinzenta

O vinho e o quentão

não mais aquecem meu coração

Tudo se perdeu pela vida,

Pela marcha; pela corrida,

Pelos dissabores e despedidas,

Pela lida.

Quanto riso em memória escondida

Quanta vontade de um abraço alertado

E esquecer que tudo está errado,

Mas a amizade segue fortalecida.

O que é certo, senão, talvez,

Reacender a chama da esperança

Voltar um pouco a ser criança

Desconsertar-se com brincadeiras bucólicas

Relembrar dos amigos em prosas históricas

E se dobrar de tanto rir daquilo que ninguém mais ri.

Errantes somos, por tudo o que fizemos ou vivemos

Amantes somos, por tudo que é eterno e passageiro.

Nessa chama de vida, se não apaga, é recomeço.

E ainda rola uma maçã-do-amor e um quebra queixo.

Texto em homenagem ao meu caro Claudio Afonso que acabou de me inspirar.

Não, ele não me tragou pelas ventas, mas assim como ele, sinto falta dos belos dias/noites de encontros homéricos de muita prosa e risos.