Passarinho colorido

Hoje contarei a transcendente história de  um passarinho mágico

Certa vez passeando pelo Cerrado Goiano 

Avistei um passarinho tão formoso 

Ele tinha plumagem de múltiplas cores

De seu leve corpinhinho reluzia-se um lindo arco-íris

Eu me aproximei dele bem de mansinho

Estava nas margens de um rio banhando suas asinhas

Fiquei intrigado, porque parecia tão triste

Fui me aproximando calmamente 

Ele percebeu meus movimentos 

Parou de banhar e ficou atento aos meus passos

Mas ele estava tão abatido emocionalmente

Que não teve forças nem para voar

Comecei a assobiar tentando cantar versos de amizade, dizendo que queria ajudá-lo

E pasmem, ele não conseguia cantar

Um pássaro raro não cantava 

Me sentei nas margens do rio e percebi que ele conseguia me compreender 

O perguntei onde morava

E com a cabecinha olhou para uma árvore enorme que ficava não muito distante dali

Cheia de ninhos e muitos outros passarinhos 

Porém, de plumagem monocromática, bem diferente da dele

Logo, percebi que era diferente de seu bando 

Nasceu com asinhas coloridas

Por isso, era excluído de sua comunidade

Que por gerações tinha plumas de uma única cor

Naquele momento não consegui conter o meu coração 

Desaguei como uma tempestade

Por ver aquele passarinho tão lindo sem vida

Sem canto

Sem pensar duas vezes, o convidei para me acompanhar até minha casa que ficava ali perto

Ele veio do meu lado dando pulinhos

Tão lindo aquele passarinho

Eu não poderia deixar de ajudá-lo

Eu tinha em casa um pomar com cajuzinhos de diversas variedades, mangas de vários sabores, cores e formas

Goiabas brancas, vermelhinhas

Fruto de minha paixão pelo Campo

Colhi para ele mangas todas diferentes uma da outra, cajuzinhos de muitas cores, Goiabinhas vermelhinhas e brancas

Tentei mostrar para ele a beleza da diversidade que a natureza em sua infinita sabedoria possui

E ele amou, saiu com seu biquinho experimentando cada frutinha

e inesperadamente me presenteou com um doce canto

Com uma melodia angelical de passarinho

Nos tornamos Amigos e ele sempre no verão voltava no pomar para se deliciar com as frutinhas

No final de tudo, o seu canto voltou, conseguiu reconhecer a beleza de sua singularidade colorida