Na bainha do mundo

A mãe reparou que, no varal, as roupas da filha menor eram muito mais sacudidas pelo vento.

Um olhar para o quintal e dava pra perceber as peças

sacolejando

além

da

conta.

Hoje,

é na

cadência

do teu corpo

que elas

dançam.

S

O

L

T

A S e floridas,

ao sabor da tu' alma;

dona do mundo.

Um possível gosto do tecido

desperta olhos famintos.

E eles devoram,

voraz e ternamente,

cada nervura do teu franzido.

Quem assiste,

espera pra ver teu vestido soprando nos cílios do tempo,

porque é assim que ele fecha os olhos e se demora.

Ele dorme,

curvado ao som

e à leveza dos teus pés; plumas aéreas e lunares.

E nós, espectadores,

despertamos taciturnos.

Tocamo-nos sublimados,

e não nos damos conta

das dores a i h v d s

l n a a a

em cada bainha.

Só por esta noite

sua alma nos sobeja e

atravessamos ,de mãos dadas, a concretude do mundo.

Talita Fernanda Sereia
Enviado por Talita Fernanda Sereia em 02/03/2018
Reeditado em 03/03/2018
Código do texto: T6268720
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